Hotelaria de Salvador faturou em 10 dias de Carnaval equivalente a 11% de todo o ano

Numa cidade que tem na economia criativa a sua principal fonte de renda, a movimentação de visitantes nos meios de hospedagem é apenas um dos termômetros de que a maior festa de rua do mundo retornou com todo o seu potencial. A quantidade de pessoas transportadas para os locais de festa cresceu 30% na comparação com o mesmo período de 2020, último carnaval antes da pandemia, de acordo com dados da Prefeitura de Salvador.
“É um fato que tivemos um recorde de público de todo o histórico do Carnaval, seja nos bairros, onde foi registrada uma grande presença popular, seja em todos circuitos”, avaliou o prefeito Bruno Reis no último sábado.
A expectativa era de uma movimentação econômica de R$ 2,4 bilhões na economia baiana com a festa, de acordo com projeção da Fecomércio-Ba. A entidade projeta que o destaque vai se dar para as atividades turísticas, que devem responder por R$ 1,39 bilhão deste total, com gastos nas mais diversas estruturas, como os meios de hospedagens, bares e restaurantes, transporte, entre outros. De acordo com dados do IBGE, o Turismo cresceu 26% no período de janeiro a novembro do ano passado na Bahia. Nacionalmente, a expectativa é de uma movimentação de R$ 8,18 bilhões no Carnaval deste ano.
“O Carnaval gera uma exposição de mídia muito grande, têm muita gente assistindo. É uma mídia espontânea muito grande, que tem uma força publicitária até maior que a paga”, analisa. “Lógico que além de transmitirem os circuitos, os veículos de comunicação também mostram acidade, o que desperta o desejo das pessoas de conhecerem Salvador”, acredita.
Embora ainda não tenha dados setoriais consolidados, Luciano Lopes comemora uma retomada do mercado internacional na festa. “Ficamos quase três anos com restrições e agora já percebemos o retorno de turistas estrangeiros. Ainda não saiu uma pesquisa, mas a gente já percebe este aumento no fluxo, basta olhar os lobbys dos hotéis”, diz.
“Voltou o carnaval no imaginário no imaginário das pessoas. Estava todo mundo ávido por curtir e se divertir. Isso é muito bom porque este período é o nosso 13º salário”, destaca Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Fehba). Segundo ele, nem mesmo o aumento de 56% nos preços das passagens aéreas foi capaz de atrapalhar o setor este ano. “Os bares e restaurantes estão lotados, tem muita gente sendo contratada como extra. O turismo mobiliza mais de 50 atividades. Somos os maiores empregadores no estado depois do agro e representamos 25% do PIB (Produto Interno Bruto) de nossa cidade”, destaca o dirigente.
O Grupo Leceres, que fez a aquisição, recentemente da GJP Hotels & Resorts, teve média de ocupação de 87% no Carnaval, nos 10 hotéis da rede. No Wish Hotel da Bahia, especificamente, a ocupação no período foi de 94%.
Na unidade da capital baiana, uma das mais bem localizadas para quem curte a festa, os hóspedes foram recebidos no check-in com welcome drinks, fanfarra e pintura corporal, e puderam aproveitar DJ na piscina, quiosque com espetinhos, acarajés, picolés e drinks de quinta a terça. O hotel também disponibilizou customização de abadás, venda de acessórios, salão de beleza com maquiagem e penteados.
O empresário Clinio Bastos, vice-presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), diz que os resultados deste ano foram uma grata surpresa, uma vez que o setor de eventos demorou mais que outros para reagir aos impactos negativos da pandemia. “A gente acaba repetindo sempre uma frase em relação aos momentos de crise, somos os primeiros a sentir e os últimos a voltar”, pondera Bastos, que também diretor da Empresa Camarote Marketing, responsável pelo Planeta Band.
O cenário começou a mudar no ínicio de janeiro, quando houve uma aceleração na captação de patrocínios e nas buscas dos foliões pelos espaços, conta. “Na história do Planeta, nunca tínhamos esgotado todos os dias antes. Esta será a primeira vez”, calculava o empresário, que ontem às 14h25 contava ter apenas as últimas 32 camisas disponíveis.
“Em 21 anos de Planeta, com 19 edições, eu não me recordo de uma procura tão grande quanto neste Carnaval. E nas ruas também, nos outros camarotes também. Acho que terminamos este Carnaval felizes, primeiro porque sobrevivemos”, avalia.
Nos 45 dias entre montagem do espaço, realização da festa e a desmobilização, são 1,5 mil profissionais trabalhando no Planeta. De médico a auxiliar de enfermagem, engenheiros, comunicação, arquitetos, limpeza, segurança, enumera Bastos. E durante os seis dias, passaram por lá quase 35 mil pessoas. “É uma pequena cidade europeia. Este é um negócio grandioso”, compara.
“As pessoas não têm noção do peso dos serviços no Brasil. São 25% dos empregos gerados no país pós-pandemia. Por aqui, o Carnaval é o símbolo maior, mas Salvador e a Bahia têm uma vocação para o serviço”, acredita.
O empresário Paulo Góes, sócio da Premium Entretenimento, empresa que promove o Camarote Salvador, falou sobre o retorno do espaço. “O Carnaval da Bahia surpreende cada vez mais. São quase três anos, ficamos dois sem acontecer e o público está mostrando a força que é essa alegria, um ícone mundial”, comemorou.



