
A alta cúpula da Irmandade de Boa Morte vive uma disputa relacionada à presidência da confraria religiosa de mulheres negras de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Um grupo de irmãs afirma que as eleições internas e democráticas que ocorreram em 2022 não foram respeitadas por outra ala, que ingressou com uma ação judicial no ano seguinte para anular a ata da eleição, a posse da mesa diretora e o novo estatuto da irmandade.
O texto afirma que o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e representantes da Prefeitura de Cachoeira, e das secretarias estaduais de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Cultura (Secult) e Turismo (Setur) participaram de uma reunião com o grupo dissidente sobre a próxima festa de Boa Morte, marcada para o dia 13 de agosto, que é organizada pela confraria, e não deve ser afetada pela disputa.
Ainda de acordo com a carta, a antiga administradora da irmandade, a advogada Celina Sala, foi quem moveu a ação judicial. No encontro com os órgãos estaduais, ela apresentou uma nova ata de eleição assinada por 10 irmãs — a Irmandade tem 30 integrantes.
“Para surpresa do jurídico da irmandade, essas secretarias estaduais entraram em contato com a atual presidenta dispensando-a de suas funções, tirando sua autoridade e autonomia como gestora da irmandade. Comunicando ainda que tinham feito nova ata e com assinatura”, afirma a denúncia, que nega que Celina seja uma “irmã” da Boa Morte.
A divergência começou por discordâncias internas quanto à administração de Celina, de acordo com esse documento, acusada de não prestar contas às irmãs, agir de modo antidemocrático e não pagar a contribuição previdenciária de funcionários.
A destituição, oficialmente, aconteceu em agosto de 2022, com a eleição de Joselita Alves.
A reportagem será atualizada com as manifestações oficiais das secretarias e da advogada Celina, citadas acima.
Fonte: Correio/BA, 01/08/2024



