
O governo do presidente Jair Bolsonaro, na figura do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, anunciou, na noite desta quarta-feira, 31, os novos nomes dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
O novo comandante do Exército é o general Paulo Sérgio Nogueira. Ele era o quarto na lista de antiguidade, ou seja, na relação de oficiais com mais experiência no Exército.
O almirante de Esquadra Almir Garnier Santos irá comandar a Marinha. Ele vai substituir Ilques Barbosa.
O tenente-brigadeiro Baptista Júnior é o novo comandante da Aeronautica, no lugar de Antônio Carlos Moretti Bermudez.
Com as escolhas, Bolsonaro buscou evitar uma escalada da crise instalada com os militares após a renúncia seguida de demissão dos três comandantes das Forças Armadas, em solidariedade à saída do agora ex-ministro da defesa, Fernando Azevedo. Bolsonaro nomeou militares com perfis complementares, respeitando critérios de antiguidade, artigo caro aos militares.
Democracia
O ministro Braga Netto rechaçou qualquer tipo de ruptura constitucional por parte dos militares. Durante o anúncio dos novos comandantes, o general afirmou que as Forças Armadas irão cumprir as missões de defesa da pátria, da garantia dos poderes constitucionais e das liberdades democráticas.
“Os militares não faltaram no passado e não faltarão sempre que o país precisar. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira se mantêm fiéis as suas missões constitucionais de defender a pátria, garantir poderes constitucionais e as liberdades democráticas”, afirmou.
“Nesse dia histórico, o maior patrimônio de uma nação é a garantia de democracia”, completou Braga Neto, que saiu rapidamente sem falar com a imprensa.
Crise
Após as nomeações, Bolsonaro espera apaziguar as tensões depois da traumática intervenção do governo no meio militar.
Na segunda-feira, 29, o general Fernando Azevedo e Silva foi dispensado, após recusar um alinhamento das Forças Armadas com o governo federal, de acordo com apuração do jornal O Estado de S. Paulo
Segundo apuração da CNN Brasil, Bolsonaro demitiu Azevedo por considerar que as Forças Armadas estavam “distantes” do governo. Em nota, o general afirmou ter conduzido os militares como “instituições de Estado” — portanto, sem ligação política com a atual gestão.
Um dia depois da saída de Azevedo, os três comandantes das Forças Armadas – o general Edson Pujol, o tenente-brigadeiro Moretti Bermudez e o almirante Ilques Barbosa, que estavam à frente das Forças Armadas desde o início do governo Bolsonaro – colocaram seus cargos à disposição do presidente, que se adiantou e demitiu os militares. O governo federal protagonizou a pior crise militar desde 1977.
Exército
O general de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira era o chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército. Nascido em Iguatu (CE), tem 62 anos de idade. Ele concluiu a Academia Militar das Agulhas Negras na arma de artilharia em 1980.
O Departamento-Geral de Pessoal responde, entre outros serviços, pelo serviço de saúde do Exército, administração de dados, assistência religiosa, serviço militar, assistência social e movimentações e demissões.
Segundo o Exército, foi adido de Defesa na embaixada do Brasil no México e, como general, entre outros postos, foi chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste; comandante da 16ª Brigada de Infantaria de Selva (AM); chefe do Estado-Maior do Comando da Amazônia; comandante logístico do Hospital das Forças Armadas; e comandante Militar do Norte.
Marinha
O almirante de esquadra Almir Garnier Santos era o secretário-geral do Ministério da Defesa (segundo cargo na hierarquia da pasta). Nascido no Rio de Janeiro, tem 60 anos de idade. Concluiu o curso da Escola Naval em 1981, na primeira colocação do Corpo da Armada.
Como tenente, serviu na Fragata União, na Fragata Independência e no Navio -Escola Brasil. Segundo a Defesa, tem mestrado em Pesquisa Operacional e Análise de Sistemas na Naval Postgraduate School nos EUA; MBA em Gestão Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Curso de Política e Estratégia Marítima da Escola de Guerra Naval. Como almirante, comandou o 2º Distrito Naval por dois anos.
Aeronáutica
O tenente-brigadeiro Baptista Junior, natural do Rio de Janeiro, era o comandante-geral de Apoio da Aeronáutica. Antes, foi chefe de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da Defesa.
Baptista Junior é filho do ex-comandante da FAB Carlos de Almeida Baptista, que chefiou a Força de 1999 a 2003, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo a FAB, Baptista Junior ingressou na Aeronáutica em 1975 e foi promovido a tenente-brigadeiro em 2018. Possui cerca de 4 mil horas de voo, sendo 2.200 horas em aeronaves de caça.
O brigadeiro também comandou a Base Aérea de Fortaleza; foi adjunto do adido de Defesa e Aeronáutica nos Estados Unidos; comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro; diretor da Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico e vice-chefe do Estado-Maior da Aeronáutica.
Fonte: Atarde, 31/03/2021