No primeiro dia de retomada das aulas semipresenciais na rede estadual de ensino, escolas de Salvador registraram baixo movimento de professores, nesta segunda-feira (26). Neste primeiro momento, apenas as aulas do ensino médio foram retomadas.
Em um dos colégios mais conhecidos da capital baiana, o Colégio Central, que fica no bairro de Nazaré, o ensino foi remoto. Muitos professores não foram até a instituição, de acordo com os alunos.
“Os meus professores falaram que era para ficar em casa, que não era para vir para o colégio. Ia ter aula remota em casa, porque eles não iriam vir. Eu acho melhor o ensino da escola, porque não estou entendendo direito em casa”, detalhou a estudante Graziele Reis.
A retomada das aulas presenciais gerou expectativa em Jaqueline Guimarães, mãe de uma aluna do 1ª ano do ensino médio do colégio. Para ela, a aula remota não é suficiente.
“A expectativa é grande, porque, realmente, a aula remota é complicada. Os alunos não aprendem corretamente. Eles pegam tudo resumido da internet e fazem como exercício, isso não é correto. Sei que a pandemia está aí, mas temos que dar andamento às nossas vidas”, relata Jaqueline.
O retorno foi programado para acontecer com as turmas divididas pela metade, dando seguimento ao protocolo de manter 50% da capacidade das salas de aula. Além disso, a escola deve aferir a temperatura de todos que entram na instituição, e o uso de máscara é obrigatório.
Apesar dos protocolos, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado da Bahia (APLB), 95% dos professores da rede estadual não compareceram às salas de aula, nesta segunda.
“Na Bahia toda, 95% disseram para o governo que não tem aula em nome da vida. Nós queremos preservar a vida, é preciso diálogo”, disse o presidente da APLB, Rui Oliveira.
A falta de professores também foi registrada no Colégio Estadual Teixeira de Freitas. Estudantes do 3ª ano do ensino médio informaram que alguns professores foram para o colégio, mas se recusaram a dar aulas. Segundo eles, a orientação foi para que os estudantes que estavam no colégio assistissem a aula pelo celular.
“Não tem professor. O professor disse que só iria voltar quando todo mundo tivesse tomado a vacina. Tem professor na sala, mas não querem dar aula para a gente, só [estão] entregando o livro, a farda e duas máscaras. Isso não existe, a gente tem que ter aula”, disse a estudante Mariana Pinheiro.
No Colégio Mário Costa Neto, que fica no bairro da Federação, 20% do total de estudantes foi para a escola. Porém, nenhum professor compareceu. Situação parecida com a do Colégio Estadual Manoel Devoto, no Rio Vermelho, em que os alunos disseram que a aula foi ministrada de forma remota.
No último dia 16 de junho, a APLB informou que 95,6% dos professores decidiram pelo retorno apenas após a imunização completa dos funcionários da Educação. A categoria afirmou que a pesquisa realizada pela entidade ouviu quase 17 mil profissionais. No dia 14 de julho, o presidente da APLB já tinha afirmado que a categoria não iria retornar às salas de aula neste mês.
Porém, o governador Rui Costa afirmou que os servidores que não cumprirem a carga horária definida será penalizado com a não remuneração, como qualquer trabalhador que falte ao posto de trabalho.
Sobre a baixa adesão dos professores, a Secretaria Estadual de Educação (SEC) ainda não tem dados sobre o primeiro dia de retorno. De acordo com o secretário, relatórios serão feitos para avaliar o andamento da retomada das aulas presenciais na Bahia.
“Nós não vamos pré julgar antes da avaliação. Estaremos recebendo os relatórios durante o dia, para podermos acompanhar a semana e tomar as providências necessárias para que possamos garantir que, o estudante que está indo para a escola, possa receber do estado, da escola e dos professores, esse acolhimento”, disse Jerônimo Rodrigues.
Ainda de acordo com o secretário, apesar da baixa adesão, não há previsão para cancelamento das aulas presenciais.
“Nós vamos manter a orientação, a determinação do governador, de iniciar no dia 26 as atividades do ensino médio e, no dia 9 [agosto] as atividades do ensino fundamental”, concluiu.
Nas escolas municipais, que têm o ensino fundamental e infantil, as aulas semipresenciais já foram retomadas no dia 5 de julho, em formato híbrido. E as unidades particulares da capital retornaram às atividades também em formato híbrido no dia 6 de julho.
Fonte: G1 Bahia, 26/07/2021