Suspeitos de matarem uma bancária, em Salvador, em abril do ano passado, o marido da vítima e a amante dele foram denunciados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), em novembro deste ano. Os suspeitos do crime são Eden Marcio Lima de Almeida e Anna Carolina Lacerda, eles respondem ao crime em liberdade.
Selma Regina Vieira da Silva Almeida, de 42 anos, foi espancada dentro do apartamento aonde morava, na Avenida Paralela. Ela morreu três dias depois, em um hospital da capital baiana.
A família da vítima relatou que houve um grande atraso no andamento do inquérito e, por isso, os suspeitos só foram denunciados mais de um ano após o crime.
“Tudo o que Selma fazia era em prol da família dela, era para a manutenção da família. Selma era amada, querida e a gente não vai deixar isso do jeito que está”, disse a advogada Maristela Vieira, prima da vítima.
Segundo a família, após a morte de Selma, a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) indicou que a ocorrência fosse registrada na 10ª Delegacia de Pau da Lima, já que a vítima estava internada em um hospital na região.
Na unidade, a orientação foi de ir até a 12ª Delegacia, em Itapuã, já que a casa do casal, onde Selma foi espancada, ficava na Av. Paralela. A Polícia Civil informou que a corregedoria está apurando essa situação.
Ainda assim, a família contou que, por se tratar de um homicídio, foi informada que o caso devia ficar sob a responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Isso só aconteceu mais de 90 dias depois do ocorrido, em agsto de 2019, quando o Ministério Público da Bahia (MP-BA) entrou no caso.”Esse inquérito só saiu da 12ª Delegacia, no dia que eu requisitei ao delegado-chefe, para requisitar o delegado. Só então começaram as investigações, que tiveram que ser bem minuciosas porque todas as provas já haviam sido deletadas e apagadas pelo acusado”, explicou o promotor David Gallo. Com o andamento do caso, a família espera que a justiça seja feita. “Que a gente tenha aquela segurança de que Selma não vai ser mais uma, mais um dado estatístico, mais um caso que ficou para lá”, completou Maristela.
Selma e Eden estavam juntos há 24 anos e tinham duas filhas. Para a família, Selma nem sempre contava coisas que aconteciam, por medo de se separar e até perder a guarda das crianças. Os familiares contaram que o marido de Selma se relacionava com a estudante Anna Carolina e a vítima teria aceitado a situação.
De acordo com a denúncia do MP-BA, com o passar do tempo, a vítima e os denunciados passaram a viver um triângulo amoroso, quando o suspeito teria perdido o amor que sentia pela vítima. Além disso, Selma teria se apaixonado pela suspeita, o que gerou várias discussões e agressões físicas do denunciado à vítima.Também segundo o MP, no dia do crime, a vítima e os dois suspeitos foram a uma festa onde usaram entorpecente e álcool. A denúncia aponta que, horas depois, já na casa do casal, houve uma discussão entre os três. Foi quando Selma foi agredida em várias partes do corpo pelos suspeitos, como cabeça, nádegas, coxas, joelhos, braços e rosto, conforme o laudo cadavérico. Bancária morre após ser agredida em Salvador; suspeitos são denunciados pelo MP-BA um ano após o crime. Ainda segundo a denúncia, durante as agressões, a vítima, na tentativa de se salvar, fugiu do apartamento com as chaves do próprio veículo, entrou no carro e saiu da garagem sem rumo certo, bastante machucada.
“Não existe crime perfeito, existe crime mal investigado. Eles sempre deixam um rastro e foi nesse rastro que nós chegamos à culpabilidade deles. Fiz questão de fazer uma denúncia bem minuciosa, que é para ficar claro. É o típico feminicídio”, disse o promotor David Gallo.
A equipe da TV Bahia tentou falar com os suspeitos e a defesa dos dois, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno. A prisão preventiva dos suspeitos foi solicitada pelo Ministério Público, pelo crime de feminicídio e sem possibilidade de defesa da vítima, mas a Justiça ainda não definiu um parecer sobre o pedido.O Tribunal de Justiça da Bahia informou que, no momento, cabe ao juiz dar prosseguimento à fase processual, ouvindo testemunhas de acusação e defesa, assim como peritos e os réus. Éden Marcio é tabelião do Cartório de Protesto de Títulos em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador. Por isso, a Comissão da Mulher da Ordem dos Advogados (OAB) disse, em nota, que repudia o caso e exige uma apuração imparcial e justa dos atos de violência sofridos pela vítima, para que os responsáveis sejam devidamente punidos.