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Tiroteio interrompe transporte e assusta moradores no Rio Sena/Salvador

Um tiroteio entre facções criminosas no bairro do Rio Sena, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, assustou moradores, interrompeu o transporte público e deixou estudantes sem aula. A confusão aconteceu na noite desta quarta-feira (19). Já em Tancredo Neves, o policiamento segue reforçado por conta da escalada da violência.

Não era nem 20h e os moradores do Rio Sena e da Ilha Amarela, no Subúrbio Ferroviário, presenciaram um tiroteio intenso entre bandidos. Algumas pessoas registaram o confronto em vídeos que foram divulgados na internet. Nas imagens, é possível ouvir diversas rajadas de tiros e diferentes sons de disparos. O morador filmou tudo da janela de casa.

Além disso, oito escolas municipais suspenderam as atividades no Rio Sena, Ilha Amarela e Terezinha. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) informou que cerca de 3 mil estudantes foram afetados pela falta de segurança. Já a Secretaria Estadual de Educação (SEC) afirmou que o Colégio Estadual Sara Violeta, em Rio Sena, não teve aula nesta quinta-feira.

No dia seguinte ao tiroteio, a população voltou à rotina. O transporte público circulou no bairro, o comércio abriu e as ruas, feiras e mercados ficaram movimentados. Ainda assim, muitos moradores continuavam assustados. Uma mulher, que pediu para não ser identificada, contou que a violência está crescendo no bairro.

“Toda hora tem uma ocorrência nova. No mês passado, meu sobrinho foi assaltado quando estava indo trabalhar. Na semana passada, uma vizinha contou que teve que correr para não ser roubada. E ainda tem esses tiroteios que deixa todo mundo assustado e com medo de ser baleado. A gente fica sem transporte, sem escola e sem mercado. É um absurdo”, desabafou.

Violência
Nas últimas semanas, a Polícia Militar precisou intensificar o policiamento em diversos bairros de Salvador. O caso mais recente foi o de Tancredo Neves, onde foi montada uma operação especial batizada de Operação Intensificação, após aulas serem suspensas, transporte público interrompido e comércio fechado por conta da insegurança.

Nesta quinta-feira, um homem de 26 anos foi preso suspeito de envolvimento no atentado que deixou 10 pessoas baleadas no bairro, em março. Naquele mesmo mês, bandidos obrigaram passageiros a descerem de um ônibus, em Sussuarana, e atearam fogo no veículo. Algumas horas depois outro coletivo foi incendiado. O transporte público foi interrompido e o policiamento reforçado.

Cerca de dez dias depois, os confrontos entre as facções criminosas obrigaram o reforço também em Pau da Lima e Arenoso. As ações dos bandidos incluíram tiroteios e até uso de granada. Dois homens, um deles líder do tráfico local, foram mortos.

Alguns dos criminosos presos durante as ocupações nos bairros foram soltos e voltaram a cometer crimes. Na segunda-feira (17), um homem foi preso depois de fazer um morador de refém em Tancredo Neves. A polícia descobriu que ele tinha sido preso três dias antes durante a Operação Intensificação. O titular da Secretaria de Segurança Pública (SSP), Marcelo Werner, fez um apelo.

“Identificamos que oitos dos elementos presos durante a operação tinham sido presos e liberados recentemente e outros tinham recebido algum benefício do sistema prisional. Respeito muito as instituições, o Judiciário e o Ministério Público, eles são defensores dos nossos direitos, do regime democrático, da ampla defesa e do direito ao contraditório, minha provocação tem sido do legislador, em relação a Bahia e a todo o Brasil. É preciso verificar se a lei que temos hoje é eficiente para fazer a punição”, afirmou.

No caso do Rio Sena, moradores disseram que dois homens teriam sido baleados, mas não houve registro oficial de vítimas. Em nota, a Polícia Militar informou que esteve na localidade do Campo do Bambu, onde estariam as vítimas, mas que não encontraram feridos. A corporação afirmou também que o policiamento está intensificado na região. O CORREIO esteve no bairro, mas não localizou viaturas.

Pituba e Águas Claras
A polícia informou mais detalhes sobre os dois homens presos durante uma operação que resultou na apreensão de quase 1 tonelada de cocaína, em Águas Claras, na madrugada de quinta-feira (20). A droga está avaliada em R$ 30 milhões. Os dois homens estavam sendo monitorados pela inteligência e foram presos na Rua Rio de Janeiro, na Pituba.

O comandante da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp Atlântico), major Valdino, informou que os bandidos estavam esperando um comparsa quando foram abordados e presos pelos policiais. Na caminhonete em que ele estavam foi encontrado 15 kg de cocaína. “Não houve resistência e não foram encontradas armas de fogo”, disse.

Os dois foram levados para a Superintendência da Polícia Federal, em Água de Meninos, mas o chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, Rodrigo Mota, informou que eles ficaram em silêncio durante o interrogatório.

“Um deles é de Santa Catarina e tem passagem por roubo a banco. Ele chegou em Salvador no domingo, e a gente acredita que o objetivo era fazer a transação dessa droga. O outro é de Salvador, sem registro policial. Ainda estamos apurando a participação mais detalhada de cada um deles e de outros envolvidos”, disse.

Depois da prisão, a polícia conseguiu chegar ao galpão de uma empresa em Águas Claras onde encontraram mais 850 kg de cocaína. Havia outros bandidos no local, mas eles conseguiram fugir. Segundo a polícia, todos fazem parte do mesmo grupo. Os investigadores estão apurando se a empresa tinha conhecimento de que o galpão alugado estava sendo usado como escritório do crime. Os dois homens presos vão responder por tráfico de drogas e associação ao tráfico.

Correio/BA, 20/04/2023
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