
O governo da Bahia está no cheque especial e essa preocupação já toma conta dos bastidores da política. Em menos de três anos à frente do Executivo, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) encaminhou à Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) 21 pedidos de empréstimos, que somam R$ 25 bilhões.
E a pergunta que não quer calar, é: para quê, exatamente? Onde está esse dinheiro? E por que todas essas votações no parlamento acontecem em regime de urgência? R$ 25 bilhões não são cifras abstratas. É dinheiro suficiente para transformar a realidade da Bahia. Mas, até agora, o governo não apresentou explicações consistentes.
Para se ter ideia do tamanho desse valor: o orçamento do Estado em 2024 é de R$ 69 bilhões, segundo apuração do Informe Baiano no Transparência Bahia. Para 2026, a previsão é de R$ 77 bilhões. E entre 2023 e 2025, estima-se que já caíram R$11 bilhões nos cofres estaduais provenientes desses empréstimos.
Mesmo assim, os principais gargalos do Estado, Segurança Pública, Saúde e Infraestrutura, continuam praticamente intocados.
SEGURANÇA PÚBLICA
A Polícia Militar, responsável pela prevenção da violência, possui cerca de 32 mil policiais, mas o déficit é de 27 mil. Ou seja, o efetivo ideal deveria ser 59 mil. O custo anual da PM, conforme o levantamento do IB, é cerca de R$ 4 bilhões.
Com R$ 25 bilhões seria possível multiplicar por seis o efetivo atual, ou, de forma mais realista, zerar o déficit, melhorar salários, estrutura e condições de trabalho.
Nesse cenário, a pergunta se impõe: se o governo tem acesso a R$ 25 bilhões, por que a segurança pública continua em colapso?
SAÚDE E FILA DA MORTE
O maior drama da saúde baiana é a falta de vagas, responsável pela chamada Fila da Regulação ou Fila da Morte. O custo médio de um hospital regional completo, construção + equipamentos, é de R$ 150 milhões, como o de Paulo Afonso.
Com R$ 25 bilhões daria para construir 166 hospitais regionais. E ainda sobraria dinheiro para renovar a frota de ambulâncias. Ninguém exige 166 hospitais. Mas, convenhamos: o governo poderia ampliar leitos, modernizar unidades e acabar com a regulação como conhecemos.
INFRAESTRUTURA
Projetos que se arrastam há décadas também caberiam dentro desses R$ 25 bilhões. Um exemplo é a Ponte Salvador–Itaparica. Simplesmente daria para construir duas.
E a FIOL? Caberia inteira no orçamento e ainda seria possível construir mais 24 ferrovias do mesmo porte.
O Porto Sul, avaliado em cerca de R$ 4 bilhões, também viraria realidade. Com essa quantia, seria possível fazer seis portos iguais.
Portanto, é dinheiro suficiente para reposicionar a Bahia em todas as áreas estratégicas. Então, por que nada disso está acontecendo? Esse volume de recursos, usado com planejamento, poderia reforçar a segurança, diminuir a fila da regulação, ampliar hospitais e destravar obras estruturantes. Mas nada disso tem sido apresentado de forma transparente.
A oposição precisa provocar o Ministério Público e formalizar um pedido de investigação com documentos e comparações claras.
O Tribunal de Contas do Estado, que vem reforçando esforços de prevenção, também tem uma oportunidade de entrar antes que o problema se agrave. A população precisa saber o destino desse montante.
O IB entrou em contato com a Secretaria Estadual da Fazenda (SEFAZ) para confirmar o volume em dinheiro que já entrou na conta do Estado, mas até o momento não houve resposta. O espaço segue aberto.



