
Antes do tradicional cortejo nesta sexta-feira (15), em Cachoeira, no Recôncavo baiano, a Irmandade da Boa Morte recebeu o título de Promotora da Igualdade Racial, concedido pelo governo federal. A tradição afro-católica, conduzida exclusivamente por mulheres negras – hoje são 48 –, foi criada no século XVII em Salvador e transferida para Cachoeira em meio a conflitos que marcaram a capital baiana.
“É o nosso reconhecimento de uma alforria. Isso foi uma busca, uma luta nossa ao longo dos séculos e começou com nossos ancestrais escravizados. Pessoas escravizadas não tinham direito a uma morte digna, eram jogadas em uma vala, de qualquer jeito, para os bichos destruírem. Então, nossa busca foi sempre por dignidade e por liberdade”, contou Irmã Neci, que ocupa com outras integrantes, anualmente, os cargos de provedora, procuradora, tesoureira e escrivã, responsáveis pela organização dos rituais e atividades culturais.
Festa da Irmandade da Boa Morte
“A Festa da Boa Morte tem uma importância muito grande por tudo que já entregou para a sociedade brasileira, resgatando a história, em outros tempos comprando a liberdade de pessoas escravizadas. É uma história muito comovente. É uma comunidade de mulheres, um movimento de mulheres defendendo a liberdade, defendendo os direitos humanos”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes, presente na cerimônia.
Sobre a festa
A Festa da Boa Morte começou na última quarta-feira (13) e vai até o domingo (17), com manifestações culturais, sambas de roda, missas, procissões e espaços dedicados ao empreendedorismo negro na cidade de Cachoeira. Os festejos acontecem desde 1820.
Correio da Bahia, 16/08/2025



