O líder opositor cubano Yunior García disse nesta quinta-feira (18), ao chegar a Madri, na Espanha, que a ditadura do governo de Cuba é brutal com a população. García afirmou que as novas gerações se mobilizam contra o governo para exigir mudanças no país.
“A minha geração não ingeriu a mesma compota estranha que os nossos avós, não fez efeito em nós”, declarou Yunior García em entrevista à Agência EFE. Ele destaca que as redes sociais têm sido um ponto de encontro no qual as pessoas podem “aplaudir e reivindicar”.
García, um ator de 39 anos, deixou Havana e desembarcou no aeroporto de Barajas, em Madri, acompanhado da esposa e com um visto de turismo de 90 dias, ajudado por pessoas e organizações da Espanha e do seu país, sobre as quais não quis dar detalhes devido a possíveis represálias.
Consciente das diferenças entre gerações em Cuba, García comparou as ideias do “regime” cubano a uma “compota estranha” que os seus avós ingeriram e que não afeta a juventude de hoje. O que, segundo o líder opositor cubano, foi inicialmente uma “bela revolução” agora é “uma revolução que envelheceu e se tornou o mesmo que eles queriam destruir”.
Por essa razão, García pede ao povo cubano que “tome consciência e nunca mais permita abusos desse tipo, perca o medo e ponha fim ao terror infundado”. O artista valoriza um elemento muito importante para as novas gerações cubanas, o acesso à internet e às redes sociais, que permitiu realizar aquilo que já chamaram de “revolução dos aplausos”, uma vez que as redes se tornaram um lugar “onde podem nos aplaudir”.
Em resposta aos que o questionam por ter deixado Cuba, o ator afirmou que gostaria de ser mais corajoso e que é humano, não a “estátua de bronze” em que alguns acreditam. Na Espanha, o dissidente cubano disse que se sente útil por poder fazer algo real pelo país natal sem pensar em mais nada, e que agora está mais perto de conseguir.
Ao falar sobre o medo, Yunior García assumiu que, “quando se tem tanto medo, perde-se subitamente todo o medo”, e que, “quando se pensa que não se pode mais senti-lo, ele vem em outro dia, pior do que antes”.
García disse que perde o medo graças à força dada pela esposa e pela sogra, que em um momento de crise o aconselhou a “levantar a cabeça”, pois eles sempre estarão juntos, “sob qualquer circunstância”. Quando fala da família, o ator não consegue deixar de imaginar se algo acontecerá com os parentes, embora isso seja algo que tente esquecer.
Mas o opositor acredita que Cuba não pode ser “desumanizada” para prejudicá-lo. Quanto ao filho que ficou em Cuba, García deseja que ele não tenha de passar por aquilo que a sua geração sofreu com uma “terrível doutrinação”, e espera que ele se torne “um verdadeiro revolucionário, no sentido real da palavra”.
Fonte: R7, 18/11/2021