A história aconteceu nessa última passagem de ano, quando dez terreiros de candomblé deixaram as diferenças de lado e se uniram para serem contemplados pelo edital de chamamento público “Salvaguarda Patrimônio Imaterial”. O edital, coordenado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), representa uma grande conquista para o povo de matriz africana e ocorre seis anos após o recebimento do título de patrimônio imaterial da Bahia pelos terreiros dos municípios de Cachoeira e São Félix. Isto, além de fortalecer os laços, garantiu a mais alta pontuação entre todas as propostas, foram 92,1 pontos.
Com o projeto “Patrimônio Sagrado do Recôncavo” e a conquista do edital, todos os envolvidos nessa união serão contemplados com R$ 900 mil para a realização de cinco ações de salvaguarda dos terreiros patrimonializados. Segundo a Egbome, “essa conquista vai ser de suma importância porque vamos ter criação de muitas coisas. Ao todo serão cinco ações a serem feitas e construídas na base desse nosso projeto, e isso vai marcar muito a todos os envolvidos”.
Além do Loba’Nekun – Casa de Oração, outros nove templos estão abarcados no projeto. O Asepò Eran Opé Olùwa – Viva Deus, Humpame Ayono Huntóloji, Ilê Axé Itaylê, Ilê Axé Ogunjá, Inzo Nkosi Mukumbi Dendezeiro, Ogodô Dey, Aganju Didê-IciMimó, Loba’Nekun Filho e Raiz de Ayrá, são os agraciados com a conquista do edital. O recurso será destinado para a criação de um vídeo documentário, portal virtual, plano planialmétrico, publicação impressa e plano de salvaguarda. Todo o projeto conta com o apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e do IPAC.
De acordo com a Egbome Ana Clara, da casa Loba’Nekun, o terreiro Loba’Nekun, fundado em 1914, é um dos mais antigos terreiros de Cachoeira”. Para ela, essa conquista é muito gratificante. “Isto mostrou que a nossa união faz a força e que juntos nós vamos longe”, afirmou Ana Clara.
Segundo Ana, “Essa divulgação vai ser muito importante e,para o nosso terreiro em específico, vai ser um marco, porque eu acho que ninguém ouve falar da gente fora daqui de Cachoeira”, afirmou a representante do terreiro Loba’Nekun.
Fonte: Atarde, 16/01/2021