O acidente que deixou seis pessoas feridas na manhã desta terça-feira (31), no metrô de Salvador, foi causado pela falha de um rebocador que levava um trem para ser inserido no sistema de transporte, confirme explicou André Costa, diretor-presidente da CCR Metrô Bahia, concessionária responsável pelo transporte metroviário em Salvador e região metropolitana.
“Na hora que estava fazendo a inserção de um novo trem, uma falha do rebocador fez com que esse trem se deslocasse mais rápido do que o previsto e entrasse na via de serviço, encostando no último carro de um trem que vinha passando. Ao encostar, os dois tiveram uma fricção e ocasionaram uma parada”. explicou André Costa.
O representante da empresa contou que não havia serviço de manutenção, apenas a inserção de um novo trem quando aconteceu o acidente. Explicou ainda que a inclusão de mais trens no serviço é comum no final da manhã e no início da tarde.
“Ocorreu uma falha que estamos avaliando e apurando com muita responsabilidade para que isso nunca mais ocorra. Nosso corpo técnico e peritos vão avaliar e investigar as causas”, falou o representante da empresa.
Após o acidente, a linha 2 continuou com a operação normal. Já a linha 1, entre as estações Lapa e Retiro, foi interrompida. Em seguida, a CCR e a prefeitura de Salvador inseriram linhas de ônibus para o translado entre o Retiro e Pirajá. (Clique aqui e conheça o metrô de Salvador)
O trecho entre a Lapa e o Retiro, na Linha 1, também voltou a operar. Até a última atualização desta reportagem, o trecho entre Bom Juá e Pirajá estavam sem operar.
“Estamos avaliando o plano de remoção dos trens com cuidado e segurança para restabelecer o mais breve possível. Ainda não temos uma data, mas tão logo vamos atualizar”, disse Costa.
A empresa afirmou que avalia o plano de remoção dos trens com cuidado e segurança para restabelecer o mais breve possível. A expectativa é que o pleno funcionamento da linha seja retomado na quinta-feira (2), informou a CCR.
O acidente no metrô de Salvador ocorreu após um dos trens bater em um caminhão de alinhamento – que é um vagão de serviço –, na região da Estação Pirajá. Esse trem descarrilou, ficou inclinado e atingiu outro veículo, que estava no trilho ao lado.
Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros foram ao local do acidente e resgataram as vítimas. Três delas foram levadas para o Hospital Geral do Estado (HGE), uma para o Hospital Municipal de Salvador e as outras duas foram levadas para uma unidade particular.
Nenhuma das vítimas sofreu ferimentos graves. A CCR informou que, por volta das 19h45, os quatro passageiros tinham recebido alta.
Por causa do acidente, a linha 1 opera apenas entre os terminais Acesso Norte e Lapa, nos dois sentidos. Ainda não há previsão de quando ela vai voltar a operar. Já a linha 2 – que chegou a funcionar com velocidade reduzida, em modo de emergência – teve fluxo restabelecido.
A CCR criou duas linhas emergenciais ligando as estações de transbordo que deixaram de funcionar por causa do acidente na linha 1. Esse atendimento será feito até que a operação do metrô seja normalizada. As linhas serão:
Para reforçar as operações, a prefeitura também colocou duas linhas de ônibus emergenciais, para auxiliar o trajeto dos passageiros. Essas linhas serão desativadas quando a linha 1 voltar a trafegar regularmente. Os itinerários são:
Famílias que moram na região da Estação Pirajá – onde aconteceu o acidente – relataram que o sistema de transporte faz muito barulho e causa danos à estrutura dos imóveis ao redor.
A área mais afetada é a do bairro do Calabetão. Segundo um dos moradores, há cerca de um mês os estrondos causados pela passagem do metrô se intensificaram.
“Tem mais de um mês que a gente vem sofrendo aqui, porque nessa parte em que o metrô está passando, está fazendo um barulho muito alto. Inclusive, hoje, o primeiro que passou, faltando 10 minutos para as 5h, a gente tomou um susto, porque fez um barulho muito alto, a gente pensou até que tinha virado. A gente levantou assustado, mas dando graças a Deus que não tinha acontecido nada. Aí quando foi mais tarde, aconteceu esse fato aí”, disse.
O fato a que o homem se referiu foi a batida nesta manhã. Dois trabalhadores e quatro passageiros ficaram feridos, e foram levados para hospitais. Os estados de saúde das vítimas não foram divulgados, mas os órgãos de saúde informaram que não houve feridos graves.
“Eu ouvi um estrondo, foi uma ‘explosão’ muito forte e que assustou toda a vizinhança. Não chegou a ter incêndio, foi só o barulho da batida e subiu muita fumaça. Aí a gente deu um suporte ao pessoal que estava nesse caminhãozinho [veículo de serviço], deu água, botou eles sentados. Os dois que estavam operando as máquinas”.
Também segundo o morador, a área onde o acidente aconteceu tem manutenções frequentes, mas que costumam ser feitas na madrugada.
“Não é comum ver esse caminhão de serviço nesse horário [do acidente]. Ele fica aqui às vezes durante a madrugada, fazendo reparo na linha. Se eles ficam aqui é porque alguma coisa está acontecendo nessa parte, porque não está normal. Eu sou morador nascido e criado aqui, tenho 31 [anos], e a gente vem percebendo nesse trecho barulhos quando o metrô está passando. A fiação, quando ele passa, estrala e sai faísca. Então tem alguma coisa neste trecho que está errado”.
Os moradores contaram que falaram com a CCR, para relatar esses problemas, mas os agentes da concessionária nunca responderam a demanda.
“A gente não tem acesso, não temos uma pessoa que faça esse intermédio. Quando eles estão aqui por cima, a gente fala. Mas eles falam que vão vir, que vão ver, mas nunca aparece ninguém. A casa da minha mãe está caindo, as casas aqui na vizinhança estão rachadas, a maioria. Minha mãe já abandonou a casa dela, para viver de aluguel, por causa disso aí”.
Fonte: G1 Bahia, 31/05/2022