Logo após ter sido eleito presidente da Câmara na noite de ontem (1º), o deputado Arthur Lira (PP-AL) invalidou o registro do bloco Baleia Rossi (MDB-SP), seu adversário na disputa, anulando a escolha dos cargos realizada durante a tarde, baseada na proporcionalidade vigente.
Segundo o G1, Lira tomou a decisão por julgar ilegal a inscrição do PT em um dos blocos partidários após o horário limite. Uma nova eleição para a escolha de seus integrantes foi marcada para hoje (2), às 16h.
Entenda a decisão:
- A eleição para a renovação da mesa diretora da Câmara é feita a cada dois anos. Os deputados escolhem um candidato a presidente; e escolhem também candidatos a cada um dos demais cargos da mesa diretora (primeiro-vice-presidente; segundo-vice-presidente; primeiro-secretário; segundo-secretário; terceiro-secretário; quarto-secretário; e quatro suplentes de secretários)
- A definição dos candidatos a vice-presidentes, secretários e suplentes é feita com base em critérios de proporcionalidade entre os blocos partidários formados para a eleição, em um cálculo efetuado pela Secretaria-Geral da Câmara — os maiores blocos ganham prioridade de escolha.
- Os partidos se reúnem em blocos a fim de ampliar as possibilidades de ocupar um dos cargos da mesa. Isoladamente, um partido teria mais dificuldade para obter uma das vagas na mesa. No bloco, a possibilidade é maior porque a bancada do partido se soma à de outros e se torna maior a chance de que, proporcionalmente, esse partido possa indicar um deputado para algum dos cargos na mesa.
- O prazo para os partidos se inscreverem em um dos blocos (o que apoiava Lira e o que apoiava Baleia Rossi) se encerrava às 12h desta segunda-feira (1º).
- Os integrantes do bloco de apoio a Arthur Lira argumentaram que um dos partidos do bloco de Baleia Rossi, o PT, efetuou a inscrição fora do prazo (às 12h06).
- Mesmo assim, o presidente da Câmara naquele momento, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu tomar uma decisão isolada, sem levar o caso ao plenário, e aceitou a inscrição do PT no bloco de Rossi.
- Aliados de Arthur Lira, então, ameaçaram ir ao Supremo Tribunal Federal para impedir. Mas Lira decidiu ceder naquele momento, a fim de que as divergências não prejudicassem a eleição para presidente, na qual era o favorito — ele ganhou com 302 votos, mais que o dobro dos votos de Baleia Rossi (145).
- A apuração eletrônica dos votos é feita em dois momentos: primeiro, o painel do plenário da Câmara indica o candidato vencedor para presidente, que assume o posto imediatamente. Depois, são revelados os votos para os demais cargos na mesa.
- Mas, ao assumir, Arthur Lira não determinou a apuração dos votos para os demais cargos e anunciou a anulação da decisão de Rodrigo Maia. Lira determinou à Secretaria-Geral um novo cálculo de proporcionalidade, sem considerar o bloco de Baleia Rossi, e marcou uma nova eleição para esses cargos para esta terça-feira (2).
- Pelo critério da proporcionalidade e com base na decisão de Maia, o PT, pivô de todo o episódio, ficaria com um dos cargos mais importantes da mesa, a Primeira Secretaria. Com a decisão de Lira, o partido, detentor da maior bancada da Câmara, deverá ocupar uma vaga menor.
- No final da noite, os partidos que apoiavam Baleia Rossi se reuniram, argumentaram que o ato de Lira foi ilegal e autoritário e decidiram mover uma ação contra a decisão no Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte: Metro1, 02/02/2021