
José Dirceu, ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil, retornou ao Congresso Nacional nesta terça-feira (2/4) após 19 anos. A última vez que o político esteve no Parlamento foi em 2005, quando teve o mandato cassado pela Câmara dos Deputados em meio ao escândalo do Mensalão.
O evento marca os 60 anos desde o golpe militar de 1964, além do lançamento do livro Tempos de Chumbo. A sessão contou com a presença de parlamentares, jornalistas e de João Vicente Goulart, filho de João Goulart, que presidia o Brasil até ser deposto pela ditadura militar.
Durante a sessão, Dirceu discursou na tribuna do Senado. “Desde a madrugada de 1º/12/2005, quando a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de SP tinha me dado pela terceira vez, nunca mais voltei ao Congresso Nacional. Acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”, disse.
Dirceu criticou a atuação das Forças Armadas em decisões políticas e a participação de militares no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O político acrescentou que a democracia está em risco no mundo e citou a eleição de governos de extrema direita e guerras em diversos países.
“A democracia está em risco no mundo, não é só no Brasil. Estamos tendo uma guerra na Ucrânia, uma guerra contra o povo palestino, situações de instabilidade no Peru e no Equador, um governo de extrema direita na Argentina. É preciso recordar para que não se repita, mas é preciso continuar a luta democrática”, destacou Dirceu.
“Há um elemento que precisa ser recordado aqui, que é o papel dos militares, das Forças Armadas. É preciso, e o STF já adotou uma decisão que não há poder moderador. O artigo não dá às Forças Armadas nenhum papel político. Não estamos em um império, estamos em uma república democrática. Não basta a despolitização e a volta aos quartéis, porque isso aconteceu em 1988. Porque depois de 30 anos os militares voltaram a organizar, apoiar uma candidatura, e depois constituir um governo praticamente cívico-militar. Vamos lembrar que a maioria do Estado Maior do Exército foi para o governo Bolsonaro”, frisou.
Metrópoles, 02/04/2024