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Ex-ministro Pedro Parente, comenta impacto da crise do apagão energético em 2001

O presidente do conselho de administração da BRF e ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso, Pedro Parente, afirmou que a atual crise enfrentada pelo país diante da pandemia de coronavírus tem diferenças em relação ao que o país viveu em meados de 2001, quando enfrentou a crise do apagão energético. Em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (8), durante o Jornal da Bahia no Ar, ele afirmou que o governo não se comunicou de forma correta com a população.

“O importante foi reconhecer que o governo errou. Houve uma falha importantíssima de comunicação no sentido de que o governo escutava uma possibilidade de ser necessário cortar energia por causa do problema nos reservatórios de cerca de 5%. Era a probabilidade. O governo entendia que, se houvesse a necessidade de cortar energia, o corte seria de 5%. Uma coisa era a probabilidade de precisar de corte de 5%, outra coisa era dizer que, se houver corte, precisa cortar 5%. Cortar não era uma coisa tão dramática, tinha todo o consumo do setor público”, disse o ex-ministro.

“Houve uma reunião do conselho de política energética onde os técnicos trouxeram uma visão bastante alarmista de que seria necessário fazer cortes de energia e que precisariam envolver possivelmente quatro, seis ou oito horas de corte nas grandes cidades. O governo se deparou com uma realidade duríssima e aquilo prejudicou a popularidade do presidente Fernando Henrique, prejudicou o crescimento econômico esperado para 2001 e possivelmente pode ter afetado a eleição de 2002”, avaliou.

Parente classificou como crucial a criação de um comitê emergencial para solucionar a crise. Sem ele, na avaliação do ex-ministro, o país poderia ter enfrentado um problema muito maior por um longo tempo. “Criou-se o comitê de gestão da crise de energia e ele teria que ter representantes de todos os órgãos federais envolvidos no assunto com caráter decisório terminativo. No governo, você toma uma decisão, os secretários dizem isso e aquilo e o negócio acaba se arrastando por meses. Isso não dá. Aquele comitê tinha que ser terminativo”, disse.

“Houve a claríssima percepção de que a população estava gostando de ajudar diretamente na solução de um problema nacional. Eu, em situações anteriores do governo, era parado na rua para ser xingado. No apagão, me paravam para dizer que estavam cumprindo as metas”, acrescentou Pedro Parente.

Questionado por MK sobre a união de diferentes políticos em meio a um momento de crise, o ex-ministro avaliou o trabalho conjunto entre o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o governador Rui Costa (PT). Ele comparou a situação com diretrizes dadas pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Isso é um sinal importante de maturidade política. Aqui, para tirar o chapéu para o meu ex-chefe FHC, nós tivemos governadores do PT no tempo de Fernando Henrique e ele sempre dizia que nossa atitude era republicana. São governadores eleitos pelo seu povo, então faça o favor de atendê-los e, se for possível, atender as demandas, atendam. Aqui não tem sectarismo na hora de governar ou partidarismo”, lembrou.

Parente também falou sobre o que esperar do governo de Jair Bolsonaro e a condução de Paulo Guedes na economia. Na avaliação dele, não há gestão que se sustente com tamanhos recuos. O ex-ministro usou como exemplo o panorama do Renda Cidadã, programa governamental que deve substituir o Bolsa Família. “Isso deixa o país em uma grande encruzilhada e faz com que nossas perspectivas de um crescimento sustentável na frente dependam de uma situação binária: vamos controlar o sistema fiscal ou não? Isso encaixa-se na discussão da continuidade dessa ajuda e substituição do benefício social. Vejo com preocupação”, declarou o ex-ministro.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Metro1, (08/10/2020)

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