
A operação realizada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (29) contra um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas em São Paulo encontrou várias notas de dólares em uma máquina de lavar. A PF investiga movimentações suspeitas de R$ 20 bilhões, que teriam origem no tráfico de drogas.
A ‘Operação Rekt’ cumpriu quatro mandados de busca e apreensão na capital paulista e na cidade de Limeira, no interior de São Paulo. Os mandados foram cumpridos em endereços comerciais e de uma pessoa física. As sedes das principais empresas investigadas ficavam em quartos de hotéis, segundo a polícia.
Também foram apreendidos celulares, computadores, relógios e joias.
“Naquela oportunidade, a Polícia Federal identificou duas células. Uma célula voltada para o tráfico internacional de drogas e uma célula financeira que fazia com que os valores aferidos pela organização criminosa fossem transacionados através de empresas de fachada com sócios inexistentes, que usavam documentação falsa”, afirmou o delegado Fabrício Gale, chefe da Delegacia de Repressão à Drogas.
Foi solicitado o bloqueio bancário e fiscal de 36 investigados. Desses, 32 eram pessoas jurídicas e quatro pessoas físicas. Segundo a PF, em apenas uma das contas bancárias foi efetuado o bloqueio de R$ 110 milhões de uma corretora de criptoativos. A corretora não é investigada.
“Nós tivemos o bloqueio em uma conta de uma empresa que opera bitcoins. O simples fato de operar no mercado não é algo ilícito, mas o problema é que essa empresa recebeu vultuosos recursos, mais de R$ 100 milhões identificados nesta operação. Esses recursos provavelmente tem origem ilícita”, disse Gale.
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Objetos apreendidos em operação da Polícia Federal contra lavagem de dinheiro do tráfico em São Paulo. — Foto: Divulgação/Polícia Federal
“Uma das razões de ter pedido o bloqueio é que essas empresas não estão sujeitas ao controle do Banco Central e fica mais difícil identificar as movimentações suspeitas”. As criptomoedas podem ser sacadas em espécie em qualquer lugar do mundo.
Analisando as informações obtidas nas buscas em 2018 e em relatórios de inteligência financeira, foram descobertas transações atípicas bilionárias cujo destino principal era a compra de criptoativos.
Segundo ele, as empresas foram criadas apenas para a passagem do dinheiro. Das 32 empresas identificadas, 29 não existiam fisicamente.
“O nome da operação ‘Rekt’ refere-se a uma gíria usada no mercado de criptoativos, que significa a perda severa de patrimônio decorrente de uma transação equivocada ou investimento mal feito”, informou um comunicado da PF nesta quinta (29).
Segundo a PF, os investigados poderão ser indiciados pela prática dos crimes de organização criminosa, com pena 3 a 8 anos e multa, e de lavagem de dinheiro, com pena prevista de 3 a 10 anos e multa. Os mandados judiciais foram expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Fonte: G1, 29/04/2021