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JBS complica vida de Frederick Wassef em rede de intrigas por disputa bilionária

Uma disputa societária envolvendo vários bilhões de reais vem sendo temperada com notícias sobre velhas e novas figuras do cenário político brasileiro. No fim de agosto, surgiu a informação de que Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro, tentou interceder pela salvação da delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista junto à Procuradoria Geral da República.

Paralelamente, foi revelado pelo Ministério Público que o advogado embolsou R$ 9 milhões da JBS entre 2015 e 2020. Para acalmar as especulações de que estavam pagando por tráfico de influência utilizando a relação com o Presidente da República, Jair Bolsonaro, a JBS divulgou uma nota dizendo que Wassef fora contratado para atuar junto a ‘inquéritos policiais’.

A revelação atingiu em cheio um inquérito instaurado em maio do ano passado pela Polícia Civil de São Paulo, a partir de uma denúncia do advogado da JBS e delator da Lava Jato, Francisco de Assis, contra a Paper Excellence – multinacional de papel e celulose com a qual os irmãos Batista disputam o controle da Eldorado Brasil Celulose.

Ameaça de morte

Em maio de 2019, Assis relatou na Delegacia de Repressão a Extorsões do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que estava sendo ameaçado de morte, perseguido e sendo vítima de extorsão por representantes da multinacional. Reportagem do A Tarde apurou que as acusações são muitas, mas as provas escassas. Delator no acordo de delação cujo pedido de rescisão feito pelo MPF aguarda até hoje inclusão em pauta pelo ministro Edson Fachin, Assis tem como defensora no inquérito policial da DHPP Ana Flavia Rigamontti, parceira de Fred Wassef que ficou conhecida nacionalmente por ter ajudado a esconder o ex-policial militar Fabrício Queiroz (operador do caso rachadinha do gabinete de Flavio Bolsonaro) durante o tempo em que ele permaneceu numa casa de Wassef na cidade de Atibaia (SP).

Coincidência ou não, por trás do inquérito costurado com a ajuda da parceira de Wassef, está em jogo nada menos que R$ 15 bilhões, valor pelo qual os irmãos Batista venderam a Eldorado Celulose à Paper Excellence, mas não entregaram. A disputa entre a Paper Excellence e os irmãos Batista se arrasta desde agosto 2018, quando a multinacional entrou na Justiça acusando a J&F de ter obstado a efetivação do negócio, que deveria ter sido finalizado até o início de setembro daquele mesmo ano.

Percebendo a manobra da família Batista, que desistiu de vender a Eldorado devido à alta do preço da celulose e à valorização do dólar na ocasião, a Paper Excellence, que àquela altura já havia desembolsado R$ 3,8 bilhões por 49,41% da empresa brasileira de celulose, recorreu ao judiciário para obrigar a J&F a cumprir o contrato.

Fontes do setor financeiro confirmam que antes de apelar à Justiça, a Paper Excellence colocou à disposição dos vendedores, em julho de 2018, os cerca de 11 bilhões necessários para fechar o negócio. A cifra bilionária foi depositada em uma conta do BTG e se destinava, inclusive, a quitar as dívidas da Eldorado.

Mas mesmo com os recursos disponíveis cerca de dois meses antes do prazo final para a conclusão da compra da empresa de celulose, a Paper Excellence incrivelmente não conseguiu finalizar a operação – algo impossível de se imaginar em qualquer lugar do mundo onde se valoriza o respeito aos contratos e à segurança jurídica.

Com o dinheiro na conta para finalizar o negócio, a Paper Excellence conseguiu na Justiça extensão da validade do contrato até que o imbróglio fosse resolvido. Em seguida, instaurou uma arbitragem contra a J&F.

No fim deste mês, os árbitros vão decidir com quem deve ficar o controle da companhia de celulose sediada em Três Lagoas (MS).

 

 

 

 

 

 

Fonte: Atarde, (21/09/2020)

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