Mulheres lucram até R$ 15 milhões por ano traindo os maridos
Os vídeos de mulheres “traindo” seus maridos com consentimento se tornaram um fenômeno no mercado adulto, movimentando mais de R$15 milhões em uma plataforma brasileira de venda de conteúdos relacionados a fetiches, o Buupe. Esse cenário tem como protagonista a ‘hotwife’, uma mulher casada que explora sua sexualidade com outros parceiros de forma aberta e consensual, com o apoio de seu parceiro.
Para muitas, como aponta a Community Manager do Buupe, Maíra Fischer, é uma forma de aliar prazer e lucratividade: “Essas mulheres reais, com corpos reais, já vivem esse estilo de vida e encontram na nossa plataforma um espaço seguro para monetizar suas experiências e alcançar públicos com interesses semelhantes.”
Maíra também explica que, entre esses casais que produzem conteúdo, não há traição. “Na verdade, há traição consentida. É isso o que desperta o desejo do casal e apimenta a relação. “O que diferencia a hotwife da maioria dos criadores de conteúdo é a intensidade emocional e a cumplicidade com seus parceiros. Essa autenticidade é o que conquista os seguidores e faz os vídeos se destacarem no mercado adulto,” explica.
Hotwife
Para ser uma hotwife, é necessário mais do que a vontade de explorar sua sexualidade. Como destaca Camila Voluptas, uma conhecida hotwife, é preciso estar segura de si e encontrar um parceiro que apoie essa liberdade.
“No início, era algo velado, apenas no sexo. Depois comecei a falar abertamente sobre isso, e meu marido entrou totalmente na vibe. Hoje, é um pilar do nosso relacionamento e um dos maiores motores da minha criação de conteúdo,” conta.
Os vídeos de Camila seguem uma fórmula que equilibra intimidade e desejo. Ela grava tanto sozinha quanto com o marido, além de registrar momentos onde narra suas experiências para ele.
Apesar de delegar a edição de seus outros projetos para uma equipe profissional, ela prefere cuidar pessoalmente dos conteúdos eróticos.
“Minha proposta é criar algo 100% realista, pensado para o meu prazer e o dos meus seguidores. Somente eu consigo dar esse tom,” afirma.
A possibilidade de monetizar essas fantasias é relativamente recente e reflete o crescimento do mercado de plataformas de venda de conteúdo adulto. Antes, muitas mulheres viviam essas experiências em segredo, limitando-se ao círculo pessoal.
Agora, com um público crescente disposto a pagar por vídeos e interações personalizadas, elas têm a chance de transformar seus desejos em um negócio lucrativo.
“Sempre começo no chat, desenvolvendo uma amizade. Depois marco um encontro casual, sem expectativa de sexo. Se houver química, partimos para a bagunça,” revela.
Apesar do sucesso, ser uma hotwife pública ainda traz desafios. Camila conta que, como figura conhecida no meio liberal, já enfrentou preconceito de parentes, mães de colegas da escola de sua filha e até conhecidos do meio profissional. “Sempre que alguém me julga, faço questão de colocar a pessoa no lugar dela. Sou uma mulher empoderada e tenho plena consciência das minhas escolhas,” diz. Para ela, o empoderamento não vem apenas de ser hotwife, mas de viver plenamente sua liberdade: “A hotwife só se torna real depois que você já é essa mulher independente e confiante.”
Com mais de R$15 milhões movimentados no Buupe, a figura da hotwife se consolida como um fenômeno cultural e financeiro. Para muitas, como Camila, a prática vai além do dinheiro. É sobre viver sem amarras, celebrar a cumplicidade no relacionamento e transformar a sexualidade em um poderoso instrumento de realização pessoal e profissional. “Eu faço isso porque amo e porque posso. E ter seguidores que valorizam isso só aumenta meu prazer,” conclui.
Atarde, 27/11/2024