
No suspense “A Mulher da Janela”, que estreou em maio deste ano, a personagem principal Anna não sai da sua mansão após um trauma com sua família. O filme chamou a atenção para um transtorno que não é tão conhecida do grande público, porém mais comum do que se imagina: agorafobia.
A agorafobia é um medo de lugares e situações que possam causar pânico, impotência ou constrangimento. Para a psicóloga e professora da Rede UniFTC, Isadora Fernandes, a pandemia pode piorar a situação de pessoas com agorafobia.
“Para o tratamento da agorafobia a exposição é necessária, é dessa forma que a pessoa vai começando a perceber que aquela exposição não vai causar tudo que ela pensa. Então durante a pandemia, que as pessoas não podem sair de casa, a pessoa acaba aumentando esse medo ou impedindo esse tratamento”, explica.
“É normal, que a situação que estamos vivendo atualmente, cause alguns gatilhos”, completa a especialista. A pessoa pode ter desenvolvido a agorafobia após passar por uma situação difícil ou já ter ansiedade e ir se intensificando. No caso do filme, a personagem parou de sair de casa após sofrer um acidente de carro com sua família, mas na vida real situações menos graves também podem desencadear a agorafobia.
A agorafobia pode ser leve, moderada ou grave, então a pessoa pode ter de forma leve, não gostava muito de sair, se sentia sempre insegura, e os sintomas foram se agravando, com maior medo de sair de casa e até o estado mais grave, realmente não saindo de casa”, explica.
Entre os sintomas estão a ansiedade súbita, medo intenso, ansiedade diante da possibilidade de estar em um ambiente “ameaçador”, medo de ficar em lugares fechados ou abertos com muitas pessoas, como ônibus, avião, parques e shoppings.
Tratamento
Estima-se que a agorafobia atinja pelo menos 150 mil brasileiros todos os anos e para o diagnóstico é preciso apresentar pelo menos dois sintomas por pelo menos seis meses. Alguns profissionais acreditam em “cura”, entretanto o mais usual é falar em controle.
Entre os tratamentos estão a dessensibilização sistemática, expondo a pessoa aos poucos. “Por exemplo, se a pessoa não consegue sair de casa, ir aos poucos, tentando fazer ela abrir a porta de casa, ficar uns minutos, depois ir para o passeio… indo aos poucos”, conta.
“Existe também o biofeedback, utilizando tecnologias como óculos de realidade virtual, fazendo a pessoa, dentro de casa, ser exposta de forma monitorada. A gente vai monitorando a medida que vai expondo a situações da vida real”, conta.
Além das duas primeiras, Isadora cita a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). “A pessoa com agorafobia se questiona muito, pensa muito ‘e se’, e a gente na TCC começa a questionar esses pensamentos, ‘quantas vezes você já saiu na rua e não aconteceu nada?’, mostrando outras maneiras de pensar”, explica a psicóloga.
Fonte: Atarde, 01/05/2021